RECONHECIMENTO, AO MENOS ISSO!
A ENFERMAGEM apesar de estar ao lado do paciente durante 24h ainda não tem reconhecido o seu devido valor.
Precisamos pensar a respeito da razão de passarmos despercebidos, quando somos tão importantes para os que precisam de cuidados ininterruptos.
Todas às vezes que pacientes lembram-se de agradecer, geralmente somos excluídos.
Sem nós, o medicamento não é administrado, o banho que permite o bem estar do paciente e é fundamental não seria possível, o curativo não seria renovado, alguns procedimentos de alta complexidade com radiação ionizante direta a que os profissionais estão expostos não se realizaria, dentre outros. Lembrando ainda, que se não estivermos atentos aos sinais de perigo para que chamemos o médico, o paciente corre risco de morte.
Se somos parte integrante de uma equipe multiprofissional, onde cada um tem sua importância de forma interligada, se representamos cerca de 60% dos profissionais de saúde, se somos quase um milhão e meio de profissionais no Brasil, se estamos 24h ao lado do paciente, POR QUE SOMOS OS PRIMEIROS A SEREM ESQUECIDOS?
Será que a nossa categoria não percebe que precisamos de notoriedade?
O nosso histórico remete a uma profissão de subserviência, desvalorização, má remuneração, divisão da categoria e assedio moral.
É lastimável a forma como os nossos profissionais são formados nas faculdades de enfermagem. Os alunos são apenas preparados para o mercado do trabalho e não para o real e complexo sentido da profissão. Não há formação política e noção do papel social da enfermagem na saúde. As faculdades lançam profissionais voltados apenas para o "cuidar" dos pacientes.
O comodismo, a aceitação da desvalorização, o desinteresse em reivindicar, a ausência de participação nos movimentos sociais e pró-categoria é peculiar da enfermagem. Isso se deve primeiramente a má formação nas instituições de ensino.
A exemplo disso, o abaixo assinado das 30h PARA ENFERMAGEM (redução de carga horária) não atingiu o quantitativo necessário para embasar um projeto de lei de iniciativa popular, que é de um milhão de assinaturas, quando ultrapassamos 1,5 milhões de profissionais, além de estudantes da área.
Durante o período de graduação e pós-graduação (5 anos), jamais testemunhei alguma mobilização do departamento de enfermagem/UFRN, em prol do projeto das 30h PARA ENFERMAGEM ou qualquer outro movimento ligado à área.
Temos mestres e doutores, mas não temos a unidade da categoria.
Temos conselhos de representação, mas não temos avanço da categoria.
Temos tido avanço da tecnologia na saúde, mas não temos leis que protejam nossa categoria dos seus consequentes riscos.
Temos grande quantidade de profissionais, mas não temos força.
Temos formação acadêmica, mas não temos consciência política.
Temos nomes que se consideram "ícones", mas não vemos na prática compromisso com a luta da categoria.
Temos seminários, congressos nacionais e acadêmicos, mas cheios de discussões vazias e sem relevância para o avanço da profissão e consciência política.
Temos defendido a democracia e o controle social para além dos nossos espaços, mas internamente as leis e pensamentos ainda são da época da ditadura.
Temos até parlamentares, mas que não nos representam.
Já tivemos até senadora, HELOISA HELENA, e sequer foi valorizada e feita conhecida no seio da categoria.
A falta de reconhecimento daqueles que se dedicam integralmente ao cuidar do paciente chega a ser cultural em nosso país, pois desde o mais simples ao mais ilustre paciente esquece-se de dizer “muito obrigado”. Como assim fez o ex-presidente Lula ao ser informado da sua cura.
Natal, 29 de março de 2012, às 00:38min.
Vânia Machado de Aguiar Cunha Guerra