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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

E o que há de novo?



Estamos num ano eleitoral, 2011, momento em que a categoria de enfermagem irá escolher quem os representará pelos próximos três anos em seu conselho de classe, o COREN-RN.
Mesmo havendo propagação em discursos e em outros espaços de que “houve mudança no código eleitoral”, para nós auxiliares, e técnicos de enfermagem foi uma mudança não muito significativa, nada além do que já se esperava, a DIVULGAÇÃO DO EDITAL para eleição do conselho e a simplificação de alguns processos burocráticos. Para quem se elegeu com promessa de mudança, há muito ainda para se avançar no tocante a um conselho que represente a classe da enfermagem que é composta de três seguimentos.
Diante disso o sistema e o processo eleitoral continuam excludentes com os seus maiores financiadores, os auxiliares e técnicos de enfermagem (83%). A Lei ­­­­de nº 5.905/73 para os conselhos regionais não veta a participação desses, porém os torna minoria, sem força de voto, vez e decisão, ainda que seja maioria, e através de uma resolução (355/09) no seu artigo 14, o COFEN privatizou as funções mais importantes para os enfermeir@s tais como: presidente, vice-presidente, delegados regionais e secretário. Lembramos que conselho não é hospital para ter essa tal divisão verticalizada por profissão, os cargos dos conselheiros é para encaminhar as políticas da enfermagem, é bem diferente, cada um “sabe onde o calo lhe aperta”.
Uma resolução para ser mudada precisa apenas de vontade do próprio COFEN, porém isso não tem ocorrido. Então não houve mudança por que não há interesse em democratizar o sistema, ou não foi assim ao longo dos anos? O que é interessante permanece, muda-se apenas o que é interessante para uns poucos.

“A CNTS defende uma relação mais democrática entre os órgãos e seus inscritos e a atuação em parceria, visando a valorização de todos e a boa representação dos profissionais. E convoca as entidades filiadas e os profissionais da Enfermagem a cerrarem fileira na defesa da mudança, já que o lobby dos conselhos para que as coisas permaneçam como estão é muito forte”. José Lião de Almeida(Presidente da CNTS)

E o que há de novo? Um engajamento para que os auxiliares passem a pagar como técnico de enfermagem o que significa que aumentará a arrecadação para o COFEN/ COREN’s, no entanto para os auxiliares de enfermagem só aumentará a sobrecarga de impostos, sem nenhum benefício concreto inclusive de sua participação no conselho, já que seram extintos
Aos 83% (auxiliares e técnicos de enfermagem) restam financiar a semana de enfermagem, os congressos de enfermagem, as inúmeras reuniões no país, os jantares, os hotéis, o material de expediente desde o simples papel de ofício ao mais sofisticado equipamento, a frota de carros, o COREN MÓVEL, a construção das sedes dos conselhos, os cursos ministrados.
E o que há de novo? A discussão em dividir em 50% a participação dentro do sistema, 50% enfermeir@s (quadro I) e 50% para os técnicos (quadro II), quanto aos auxiliares que representam quase 50% da enfermagem ficarão de fora definitivamente, dessa forma não há paridade, sem falar que ainda existem auxiliares e técnicos.
E o que há de novo? Um interesse em que os enfermeir@s se engajem na política a exemplo do tema que foi exposto: “A INSERÇÃO POLÍTICA DO ENFERMEIRO e...” no 13º CBCENF, aqui em Natal nos dias 15 à 18.09.10, quando deveria ter sido “A INSERÇÃO POLÍTICA DA ENFERMAGEM e...” como também ficou explicitado na última reunião com a presença do presidente do COFEN, tendo em vista a presença majoritária de enfermeir@s.
E o que há de novo? Forte Lobby dos Conselhos de classe junto ao Sr. Ministro do Trabalho e Emprego para aprovação do PL 6.463/09 que aumenta a anuidade até R$ 500,00.
O que acontece de fato? É que enfermeir@s não querem participar de sindicatos a exemplo do SINTEST-RN que ao longo de sua história (19 anos) só teve 01(uma) enfermeira, no entanto auxiliares e técnicos de enfermagem sempre se dispuseram após suas longas e duplas jornadas de trabalho a contribuir com a luta. Por que será? Será por que no sindicato é um trabalho voluntário? Fica a pergunta!
Não nos esqueçamos de frisar que não houve nenhum sinal ou propósito de rever o modelo de gerenciamento e o processo de trabalho da enfermagem, que ele é ainda do séc. 19 e fora desenhado para a indústria, esse modelo tem efeitos negativo tais como desarmoniza o ambiente de trabalho,... e uma vez que despersonaliza os auxiliares e técnicos de enfermagem, esses profissionais são marginalizados do seu papel social.
[...] Parte-se do princípio que o enfermeiro ainda utiliza métodos e estratégias de gestão tradicionais, oriundos da teoria clássica da administração, modelo que foi determinado historicamente por fatores econômicos, sociais e culturais [...]o enfermeiro utiliza a supervisão como dispositivo de controle do processo de trabalho e do comportamento dos trabalhadores, dificultando o exercício da gerência compartilhada. Portanto, este estilo de gerência tradicional não tem permitido aos trabalhadores da enfermagem criarem espaços coletivos de gestão, onde possam atuar como atores sociais [...]De acordo com Spagnol (2000) apesar das contribuições do modelo clássico de gerência à organização do trabalho na área hospitalar, ao longo do tempo, este tem produzido efeitos negativos que prejudicam o processo de trabalho [...]Este estilo de gerência adotado pela enfermagem foi descrito e criticado por vários autores como: Santos (1986); Trevizan et al. (1991); Carrasco (1993); Collet et al. (1994); Ferraz (1995); Fávero (1996); Bellato et al. (1997); Lima, M.A.D.S. (1998); Lima, R.C.D. (1998); Spagnol (2002), entre outros [...] (SPAGNOL, 2005)

REFERÊNCIA

SPAGNOL, C. A., (Re) pensando a gerência em enfermagem a partir de conceitos utilizados no campo da Saúde Coletiva, Ciênc. saúde coletiva, v.10 n.1 Rio de Janeiro jan./mar. 2005.

“Quem ocupa o trono tem culpa,... quem evita a dúvida também tem...” (Engenheiros do Hawaí)

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